Primeiras impressões: Jeep Grand Cherokee Limited 2014
sex, 21 de fevereiro de 2014 • 19:09 •
Autos
O Jeep Grand Cherokee é uma espécie de Rocky Balboa dos carros: já foi imbatível um dia, inspirou muita gente a se aventurar no esporte, mas hoje é um ídolo do passado. Assim como o boxeador a cada filme da franquia que leva seu nome, o utilitário esportivo atravessou três gerações mantendo as características básicas, sem grandes inovações. Hoje, o Grand Cherokee está para os crossovers assim como Balboa está para os atletas do Ultimate Fighting Championship.
Nesta atualização de meio de vida – à venda no Brasil por R$ 185,9 mil (versão Laredo) e R$ 214,9 mil (Limited) –, no entanto, o Grand Cherokee dá sinais de que quer se alinhar ao que há de moderno entre os utilitários esportivos. Vale dizer que nas gerações anteriores a Chrysler estava sob domínio da Daimler (controladora da Mercedes-Benz) e que atualmente a empresa norte-americana é gerenciada pela Fiat, que promete investimentos na marca.
O Grand Cherokee que começa discretamente a ocupar espaços nas grandes cidades – ao invés de se aventurar fora dela – é aquele apresentado um ano atrás, durante o Salão de Detroit: conjunto óptico mais delineado e com LEDs (presente também nas lanternas), painel de instrumentos anos-luz à frente dos anteriores e, o mais importante, câmbio automático de oito marchas. Em março, chega a versão equipada com motor a diesel.
Impressões
O G1 avaliou o novo Grand Cherokee por cerca de 400 km, nas posições de motorista, passageiro dianteiro e ocupante do banco de trás. Nas duas últimas situações, espaço e conforto foram as características mais notórias do tradicional jipe. E itens como ar-condicionado digital de duas zonas de atuação, bancos revestidos em couro e sistema de som com entradas USB, conexão Bluetooth, nove alto-falantes, subwoofer e amplificador de 506 Watts contribuíram para uma viagem confortável e sem rastros de cansaço.
Guiando, novamente o conforto chamou atenção, tanto pelo banco com ajuste elétrico em oito posições (o sistema de aquecimento, disponível também para os bancos de trás, não foi utilizado por motivos óbvios) quanto pelo volante de boa pegada, no qual o condutor tem praticamente todos os comandos do carro à mão.
A lista de equipamentos ainda é composta por airbags dianteiros, laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista e sensor de chuva. A oferta cresce na configuração Limited, que traz memória para o banco do motorista, retrovisores e coluna de direção; sensor de estacionamento dianteiro e traseiro (este com auxílio de câmera), retrovisores externos antiofuscantes, sistema de navegação com imagem em 3D e sistema de som com tela touch screen de 8,4” (de 5” na Laredo).
Na segurança, o Grand Cherokee se defende com controle eletrônico de estabilidade (ESC) com redução de rolagem da carroceria, Hill Start Assist e controle de oscilação de reboque.
On e off road
Nos trechos fora de estrada, o Grand Cherokee não encontrou dificuldade alguma para enfrentar obstáculos de dificuldade não mais do que mediana – salvo uma subida bem íngreme e altamente tortuosa. Certamente o sistema Quadra Trac II (de tração 4x4 em tempo integral e que detecta as irregularidades do piso e distribui a força entre os eixos) sobrará nas mãos da avassaladora maioria dos proprietários, que raramente usará devidamente o recurso. O controle do Selec-Terrain, por meio do qual é possível selecionar o modo de condução mais apropriado (areia, lama, neve ou pedra, além do automático) tem acionamento por um simples botão, mas tal facilidade será igualmente ignorada por quase toda a vida útil do carro.
Infelizmente, o painel de instrumentos – exemplo de como é possível criar um conjunto atrativo e ao mesmo tempo altamente funcional, indo além do óbvio “velocímetro à direita, conta-giros à esquerda” – despertou mais atenção do que o desempenho rodoviário.
O motor Pentastar 3.6 V6, de 286 cv e 35,4 kgfm de torque, e o câmbio da alemã ZF são exemplo de eficiência e modernidade no papel (dados do fabricante apontam para 7 km/l na cidade e 12 km/l na estrada), mas suam demais para deslocar os 2.125 kg do SUV. Nem com o modo Eco (novidade nesta atualização) ativado conseguimos passar dos 10 km/l na estrada. E além das acelerações e retomadas nada excitantes, a carroceria rola sensivelmente nas curvas. No mais, a sensação geral é de um carro “sedado”. Pode ser típico de utilitários esportivos, mas há no mercado modelos com a mesma proposta e de dirigibilidade mais aguçada – ágeis e versáteis como os lutadores de UFC.
Que a quinta geração do Grand Cherokee, prevista para 2016, ensine novos golpes ao veterano SUV.
Fonte: Portal Globo - www.globo.com
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