Primeiras impressões: Honda CB 500X

ter, 12 de agosto de 2014 • 19:50 • Autos

Seguindo a principal tendência atual do mundo das motos, a nova geração da CB 500 ganhou modelo com visual aventureiro. A CB 500X, que fecha a trilogia da família 500, chega ao Brasil com aparência que remete a longas viagens e deslocamentos na terra, mas o comportamento é prioritariamente voltado para o asfalto.
 
Como ocorre com os SUVs e crossovers no mundo dos carros, a 500X se “veste” para o off-road, mas não está muito disposta a sujar a roupa. A fabricante intitula a moto como uma crossover e pretende que a CB 500X seja a mais vendida entre as suas 500, posto que deve alcançar apenas em 2015.
 
Em 2014, a empresa espera vender 5.700 unidades. Com preço base de R$ 23.500, a motocicleta tem freios ABS como opcional, o que pode fazer o valor subir para R$ 25.000.
 
Comparando com as irmãs CB 500F (naked) e CBR 500R (esportiva), com as quais divide 55% das peças, a 500X é a que possui melhores características para longas viagens. Seu tanque é maior, com o acréscimo de 1 litro, chegando ao total de 17 litros, além de proporcionar um posicionamento mais relaxado e confortável ao motociclista.
 
Apesar de possuir um conceito de uso ainda em expansão no mercado brasileiro, a CB 500X encontra algumas rivais no mercado, porém, de cilindrada e preços diferentes. Como existe um vazio na faixa de 500 cc, toda a linha CB 500 acaba ficando sem rival direta.
 
Além disso, por sua proposta crossover, o modelo pode roubar ou perder clientes para motos também de diferentes categorias, como naked e maxtrail – estas, sim, verdadeiras aventureiras. A Kawasaki oferece ER-6n e Versys como opções, porém, elas possuem comportamento mais explosivo, além de serem mais caras que a CB.
 
A própria NC 700X pode brigar com a CB 500X, já que oferece um patamar superior de desempenho com um preço de apenas cerca de R$ 4 mil a mais. Em breve, o degrau entre NC e CB pode ficar maior, já que no exterior o modelo evoluiu para NC 750X. Isso pode evitar a canibalização entre os modelos.
 
Aventureiras ao pé da letra, como a clássica BMW G 650 GS, também entram na parada. Com um comportamento superior na terra e também oferecendo bom conforto, a GS pode ser opção à CB 500, mas seu motor é um menos moderno monocilíndrico.
 
Vestida para viagens
Com suspensões mais longas na dianteira, 20 mm a mais que CBR 500R e CB 500F, a CB 500X ficou mais imponente que suas irmãs. Além disso, a alteração se traduziu em maior conforto. Durante o deslocamento de 40 quilômetros em estradas vicinais em São Luiz do Paraitinga (SP), o conjunto suportou com facilidade trechos esburacados e mostrou bom acerto, sem ser muito mole nem muito rígida.
 
Na traseira, o monoamortecedor do tipo pro-link melhora o poder de absorção de impactos, dificilmente transferindo golpes ao piloto. O aumento na suspensão dianteira empurrou o guidão para cima, possibilitando que os braços do condutor fiquem maneira mais relaxada na X. O assento também é diferente, em dois níveis, mas não bipartido, com amplo espaço e textura que ajudam a não cansar com o passar do tempo.
 
As carenagens e a pequena bolha na dianteira garantem uma proteção aerodinâmica satisfatória, apesar de dever um pouco para modelos de categoria superior – a cúpula é pequena e pode não proteger os mais altos.
 
Em relação à parte mecânica, a CB 500X funciona como um relógio, para o bem e para o mal. Impecavelmente, o motor bicilíndrico gira com extrema suavidade e linearidade, deixando de lado a vibração de motores com a mesma concepção. Com torque suficiente para encarar subidas, sua brandura é tanta que o som muitas vezes passa quase desapercebido, também abafado pelo vento no capacete.
 
Sem dúvida, com alta tecnologia, esse motor foi desenvolvido para ter baixo consumo, mas faltou uma pitada de emoção no seu desempenho. No Brasil, a Honda não divulga dados de gasto, mas na Europa afirma que a moto possui autonomia de 467 km, ou seja, resulta em média de consumo de 27 km por litro.
 
Completando o conjunto motriz, o câmbio de seis marchas tem engates precisos e segue com o mesmo escalonamento de CB 500F e CBR 500R.
 
Até que vai bem na terra
A Honda deixou claro durante a apresentação da moto à imprensa que a CB 500X não é destinada ao uso misto (terra e asfalto), como são as aventureiras tradicionais. Os pneus para asfalto em rodas de liga-leve de 17 polegadas comprovam isso. Mesmo assim, as suspensões mais altas ajudam no desempenho na terra.
 
Durante o deslocamento de teste, foi possível levar a CB 500X a trechos off-road e a moto superou com facilidade estradas de terra batida em bom estado. O grande problema ficou por conta da pouca aderência oferecida pelos pneus e também pelo tamanho da roda dianteira – se fossem maiores, ajudariam a transpor desníveis com maior êxito.
 
Ficando “em pé” sobre a moto, jeito típico de conduzir na terra, é possível até se empolgar um pouco no off-road, mas o deslizar das rodas da CB 500X traz o piloto de volta à realidade. Em contrapartida, o escape está em nível médio de posicionamento, o que ajuda a ultrapassar trechos com água moderada, desde que o solo esteja firme.
 
Assim, o futuro proprietário da CB não precisa se preocupar caso tenha de rodar em estradinhas de terra durante uma viagem ou para chegar a sítios e fazendas, mas não poderá abusar: um escorregão poderá levá-lo a ver o chão mais de perto.
 
Com a ausência de rivais diretas, a CB 500X tem grandes chances de conquistar o público brasileiro. O conjunto é acertado e seu preço está em uma faixa pouco explorada no país, oferecendo um acabamento honesto, sem ser sofisticado. Com pistas em condições, a 500X se torna uma escolha racional para ser a "primeira moto grande" dos consumidores.
 
Fonte: Portal G1 Auto Esporte - www.g1.globo.com

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