Atenção: Pressão alta invade o universo infantil

seg, 28 de julho de 2014 • 13:31 • Saúde

A hipertensão arterial deixou de ser problema apenas de adultos e, cada vez mais, crianças e adolescentes são diagnosticadas com a doença.
 
Uma pesquisa feita com 284 jovens da Capital, com idades entre 10 e 17 anos, apontou que 25% deles apresentavam quadro de pressão alta, como também é chamado o problema, combinada com alto consumo de sódio na dieta.
 
Junto com a obesidade infantil, a hipertensão preocupa os médicos e as autoridades em saúde.
 
As recomendações dadas aos pais dos pacientes incluem, entre outras medidas, cortar o excesso de sódio e o consumo de alimentos industrializados.
 
Flávia Silva Mothé, cardiologista e ecocardiografista do Hospital Celso Pierro, da PUC-Campinas, explica que a hipertensão arterial ocorre quando os valores da pressão estão acima daqueles considerados ideais para a idade e sexo.
 
“De forma simplificada, significa que o coração está precisando gerar mais força para impulsionar o sangue através dos vasos sanguíneos, que por sua vez estão sofrendo uma maior tensão em suas paredes”, diz.
 
No adulto, o valor normal da pressão é 120x80 mmHg. Na criança, considera-se normal quando os valores da pressão estão no percentual de 90mmHg. 
 
Um estudo recente feito com 284 jovens de uma unidade de saúde ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontou que 25% dos adolescentes apresentavam hipertensão.
 
Foram coletados dados sobre a idade, peso, estatura, Índice de Massa Corporal, pressão arterial e relatos da alimentação das 24 horas anteriores ao preenchimento.
 
Os dados apontaram ainda que 11% do grupo, apesar de fazer alto consumo de sódio, não desenvolveram hipertensão.
 
Os outros 64% estavam com a pressão arterial e consumo de sódio dentro dos padrões considerados adequados.
 
Segundo Flávia, a partir dos 6 anos começam a ser cada vez mais frequentes os casos de hipertensão arterial essencial ou primária, nas quais a obesidade exerce um papel primordial.
 
“Existe uma clara associação entre obesidade infantil e também materna ou familiar, daí a importância de avaliar o contexto em que essa criança ou adolescente está inserido”, afirma.
 
A médica diz que também há correlação entre fatores genéticos, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo precoce, contribuindo para o surgimento da hipertensão arterial. 
 
Os números encontrados na pesquisa foram considerados alarmantes, já que a doença tende a se agravar com o tempo e trazer complicações no início da fase adulta como Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, diabetes, doenças renais.
 
O coração pode sofrer hipertrofia, dilatação e enfraquecimento, chamado de insuficiência cardíaca, ou ainda aumentando as chances de infarto e morte por causas cardiovasculares.
 
“O problema da hipertensão na infância é que a criança ou o adolescente vai estar exposto ao risco por mais tempo do que se a doença surgisse na fase adulta, fator que leva a consequências mais precoces.”
 
O conselho da cardiologista é para que pais e especialistas fiquem atentos tanto em relação ao diagnóstico como em relação a hábitos alimentares mais saudáveis.
 
“Os pais devem estar atentos para um estilo de vida mais saudável. As crianças precisam de bom exemplo e incentivo. É necessário reduzir o confinamento das crianças, estimular brincadeiras ao ar livre e esportes, consumir alimentos frescos e reduzir ao máximo os industrializados, ricos em açúcares, gorduras e sais. Manter suas crianças com peso saudável e cobrar de seus pediatras que a pressão arterial seja aferida rotineiramente nas consultas, pois, infelizmente, os atendimentos pediátricos não têm como rotina a aferição da pressão arterial.”
 
Doença silenciosa
Flávia ressalta que a hipertensão arterial em crianças ainda pode ser subdiagnosticada, especialmente por não causar sintomas. Geralmente, a hipertensão é silenciosa e traiçoeira.
 
Os sintomas só aparecem em estágios avançados ou quando há elevação abrupta de seus valores.
 
Eventualmente há queixa de dor de cabeça, falta de ar ou palpitações, como sintomas que levam o paciente a procurar por assistência, mas geralmente a hipertensão arterial é descoberta por acaso, se for aferida em consulta de rotina.
 
Dicas
- Cortar o consumo excessivo de sal. Os pais sempre devem dar o exemplo
 
- Cortar o consumo de produtos industrializados como mortadela, macarrão instantâneo (cujo tempero tem excesso de sódio), lanches e comidas semiprontas
 
- A hidratação merece sempre atenção especial. Crianças e adolescentes devem consumir cerca de um litro e meio de água ao longo do dia
 
- O refrigerante deve ser substituído por sucos, principalmente, os naturais de fruta
 
- Oferecer e incentivar as crianças e adolescentes a provarem frutas, verduras e legumes variados até que encontrem os que gostam e, assim, consumam espontaneamente. Não se deve obrigá-los a comer alimentos de que não gostem
 
- É preciso usar a criatividade para introduzir alguns alimentos saudáveis à dieta. Adicionar pedacinhos de beterraba no feijão ou de cenoura no arroz pode melhorar o consumo desses alimentos, por exemplo 
 
- Incentivar a atividade física (brincadeiras, jogos, atividades esportivas) e evitar o sedentarismo
 
Fonte: Portal IG - www.ig.com.br

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