12 atitudes dos pais que prejudicam a construção da autoestima infantil

sex, 09 de maio de 2014 • 15:44 • Geral

Que mãe ou pai não quer que seu filho seja completo e feliz desde o nascimento até a vida adulta? O primeiro passo para ajudá-lo a ser seguro e confiante é preocupar-se com a construção de sua autoestima: quem se sente amparado e amado no lar, com modelos de comportamento honestos e que não impõem pressão, tende a ter uma imagem de si firme o suficiente para desenvolver seus potenciais e amadurecer pleno.
 
Mas as atitudes de alguns pais vão na direção oposta e, em vez de serem benéficas, acabam minando a autoestima infantil. “As atitudes ensinam mais do que as palavras, as crianças modelam seu amor-próprio de acordo com as ações dos pais. Se muito do que acontece em casa as coloca para baixo, elas não constroem confiança suficiente para serem adultos que encaram o mundo de frente e enfrentam seus problemas”, afirma a psicóloga Renata Martins, autora do livro “A Joaninha que Perdeu as Pintinhas – Reflexões sobre a Autoestima” (Artesã Editora) e professora da Universidade Vale do Rio Doce (Univale).
 
A pedagoga e psicanalista infantil Edileide Castro, autora do livro “Afetividade e Limites” (Wak Editora), complementa: “Até mais ou menos três anos de idade, a criança tem uma ‘mente absorvente’, faz a leitura dos gestos, das demonstrações de afeto, da indiferença, do mau humor. Depois disso ela começa a reagir às atitudes dos pais, mas tudo aquilo ficou armazenado”. A consequência de uma baixa autoestima, ela diz, é que “muitos adultos precisam passar por um longo processo de ressignificação de suas experiências infantis devido à influência negativa das atitudes de seus pais”.
 
Para evitar que isso aconteça na sua casa, confira os 12 principais erros apontados por Renata e Edileide nas atitudes dos pais no que diz respeito à construção da autoestima infantil e faça de tudo para não cometer nenhum deles.
 
1. Agir de maneira incoerente com o discurso
O famoso “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona na educação dos filhos, pois eles tendem a tomar o comportamento dos pais como correto e a imitá-lo. Adultos “bocas-sujas” que repreendem a criança que fala palavrão, por exemplo, criam uma situação de confusão e insegurança por deixá-la sem um modelo firme de conduta.
 
2. Comparar seu filho com outras crianças ou ídolos
Mesmo que a intenção seja elogiar, não é bom relacionar os feitos de seu filho àqueles de outras pessoas. A comparação positiva é da pessoa com ela própria, é avaliar um progresso em relação a uma situação anterior. Comparar com um irmão, primo, amigo ou ídolo cria uma pressão e mesmo uma disputa involuntária que podem levar a uma frustração futura, quando a criança não conseguir igualar algo que a pessoa em questão tiver feito.
 
3. Relembrar os erros da criança o tempo todo
Explicar para seu filho por que ele errou é bom, assim lhe é dada a chance de mudar de atitude e ter mais chances de acertar no futuro. Mas bater na mesma tecla mais de uma vez, relembrando a ocasião do erro sem motivo, o deixa inseguro e com a sensação de que só aquilo é relevante em suas ações. Caso o erro se repita, vale reforçar o ensinamento e até lembrar o que aconteceu no passado, para que ele entenda que precisa realmente mudar.
 
4. Elogiar exageradamente
Tudo bem que para cada mãe e cada pai seus filhos são os mais lindos e espetaculares que existem, mas elogiar absolutamente tudo que eles fazem, de forma exagerada e além da realidade, é prejudicial ao seu desenvolvimento. Por um lado, a criança sonhadora pode começar a viver a ilusão de que o mundo a enxerga como a mais especial das criaturas e querer ser tratada assim – e, ao não ser, se sentir frustrada e desamparada. Por outro lado, a criança realista pode perceber rapidamente que o que os pais dizem não é verdade, o que ela automaticamente traduz como “meus pais estão mentindo” – e, ao considerar os pais mentirosos, ela perde sua referência de confiança.
 
5. Fazer tudo pela criança por achar que ela é incapaz
Muitos pais acham que, por serem pequenas, as crianças são frágeis e incapazes de realizar algumas tarefas. Para “protegê-las”, tomam a frente de todas as atividades, permitindo que elas façam nada ou muito pouco. Conclusão: filhos inseguros, que passam a se sentir realmente frágeis e incapazes, que sempre precisarão de alguém para fazer as coisas por eles.
 
6. Não valorizar os pequenos êxitos
Amarrar os cadarços dos tênis sozinha, tirar uma nota 8 e chegar em segundo ou terceiro lugar em uma corrida: para a criança, estes são acontecimentos muito significativos. Mas, para alguns pais, não são dignos de comemoração, já que não são socialmente relevantes. Valorizar apenas o êxito “fotografável” faz a criança se sentir sozinha nas pequenas conquistas – e elas, na maior parte das vezes, são primordiais para construir o caminho rumo a uma vitória maior.
 
7. Cobrar mais do que seu filho pode dar
O desenvolvimento infantil tem fases que devem ser respeitadas. Não adianta querer que a criança corra tão logo comece a andar, ou que tenha uma letra linda durante a alfabetização. Se os pais não dão tempo ao tempo e cobram o que os filhos ainda não conseguem fazer, os pequenos sentem-se inseguros e até menos amados, por acharem que não são suficientes para as expectativas dos adultos.
 
8. Ser uma mãe/um pai ausente
O dia a dia dos adultos pode ser uma loucura, com trabalho puxado e eventos sem limites de horário. Para as crianças, isso não importa muito: elas precisam da presença dos pais em casa e em suas atividades escolares para se sentirem amparadas, seguras e queridas. Terceirizar a educação para os avós ou funcionários especializados garante que a criança esteja sempre acompanhada, mas pode criar a sensação de que os pais não se importam com ela.
 
9. Inventar desculpas e fingir que seu filho nunca erra
Crianças ou adultos, todos erram. Pais que inventam mil desculpas e explicações para os erros dos filhos impossibilitam o desenvolvimento pleno das noções de responsabilidade dessas crianças, pois elas não conseguirão perceber que e onde precisam melhorar para acertar. Mas a realidade é implacável, e em algum momento alguém lhes apontará os erros – com os quais, por causa desse histórico de superproteção, eles não saberão lidar. É a preparação para adolescentes ou adultos inseguros.
 
10. Prometer e não cumprir
A criança não para de pedir algum brinquedo, alimento ou passeio. Para que ela pare de insistir, é bem comum que os pais prometam que vão atender seu pedido, embora já saibam que depois farão de conta que não disseram nada. Mas a criança não esquece e, ao se deparar com uma negativa sobre o assunto no futuro, entenderá que os pais mentiram, o que a faz perder a confiança naqueles que deveriam ser seus portos-seguros.
 
11. Ser displicente em relação a rotinas familiares
Mais do que organizar o dia a dia, as rotinas são importantes para que a criança desenvolva a sensação de segurança. Ter horário para acordar, comer e tomar banho, por exemplo, dá a ela a confiança de que as coisas acontecerão de fato. Se os pais não estabelecem ou não valorizam as rotinas, os filhos entendem, instintivamente, que não há segurança na família.
 
12. Discutir as frustrações do dia a dia na frente da criança
Dificuldades no trabalho ou no relacionamento entre o casal devem ser discutidas longe das crianças, especialmente na primeira infância. Como a noção de mundo que os filhos têm é limitada ao universo ao seu redor, eles tendem a se sentir responsáveis pelas brigas ou pelo mau humor dos adultos que os cercam e angustiados por isso.
 
Fonte: Portal IG - www.ig.com.br

Fotos